Considerações iniciais
Estimado(a) leitor(a) do Portal North News, o Brasil enfrenta um grave desafio econômico na atualidade. São 78,8 milhões de pessoas físicas inadimplentes, segundo dados de agosto de 2025 divulgados no Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas pela Serasa Experian.
Essas quase 80 milhões de pessoas inadimplentes no Brasil acumulam R$ 494 bilhões em dívidas, o que evidencia a fragilidade financeira de uma elevada parcela da população adulta. Mesmo sendo a décima maior economia do mundo, o país sul-americano ainda enfrenta sérios obstáculos para garantir estabilidade financeira à sua população adulta.
A alta inadimplência nas cinco regiões brasileiras reflete um conjunto de fatores, como taxas de juros elevadas, desemprego, endividamento excessivo, custo de vida alto, restrição de crédito, carência de Educação Financeira, falta de recursos financeiros para pagar as contas atrasadas, entre outros fatores, como o descontrole financeiro.
Panorama atual da inadimplência no Brasil
O aumento do número de inadimplentes exerce pressão negativa sobre a economia brasileira. As empresas enfrentam dificuldades para manter suas operações, em razão da queda no consumo e dos altos custos de produção, enquanto as famílias lidam com dívidas crescentes, principalmente com o cartão de crédito, principal fator das dívidas atrasadas, com 27,3% do total, segundo a Serasa Experian.
Em agosto de 2025, o índice de inadimplência atingiu 48,31% da população adulta. O valor médio das dívidas por pessoa é de R$ 6.267,69. O cartão de crédito tem sido o principal vilão, com juros anuais de 446,2% em agosto de 2025, conforme o Banco Central do Brasil (BACEN), tornando-se uma verdadeira armadilha financeira em todo o país.
A inadimplência varia consideravelmente entre os estados brasileiros, por exemplo, no Amapá, 64,62% da população adulta está inadimplente, enquanto em Santa Catarina, o índice é de 38,11%. A faixa etária mais atingida está entre 41 e 65 anos, representando 35,3% dos inadimplentes, segundo a Serasa Experian.
Esse quadro desafiador impacta diretamente o setor financeiro brasileiro. Com o aumento do risco de crédito, bancos e instituições financeiras reduzem o ritmo de concessão de empréstimos, o que leva à desaceleração do PIB brasileiro prevista para 2026.
A elevada inadimplência no Brasil
A inadimplência elevada prejudica não apenas a economia brasileira, mas também a estrutura social. Quando indivíduos não conseguem cumprir suas obrigações financeiras, há efeitos em cadeia, como o crédito se torna mais restrito, os critérios de concessão ficam mais rigorosos e as taxas de juros aumentam, afetando o consumo das famílias e o crescimento econômico do país.
A taxa Selic atual é de 15,00% ao ano, um patamar considerado bastante elevado. Com isso, o Brasil ocupa a quarta posição entre os países com as maiores taxas nominais de juros do mundo, atrás de nações como a Turquia, que lidera o ranking com 40,50% ao ano. O Brasil mantém a segunda maior taxa de juros real do planeta, de 9,51%, de acordo com o último levantamento da MoneYou. Apenas a Turquia apresenta uma taxa real de juros, de 12,34% ao ano, superior a taxa brasileira.
Os inadimplentes enfrentam o custo de vida alto, juros abusivos e pressão psicológica constante decorrente das cobranças, o que eleva os níveis de estresse e compromete a saúde mental e as relações familiares. Segundo o último Boletim Focus, do BACEN, o PIB brasileiro deve desacelerar de 2,17% em 2025 para 1,80% no ano de 2026, refletindo o enfraquecimento das atividades econômicas, a redução dos empregos formais e a queda da confiança de consumidores, empresários e investidores.
As famílias de baixa renda são as mais vulneráveis a esse cenário preocupante, pois têm menor acesso ao crédito e condições desfavoráveis para renegociar dívidas em atraso, o que reforça o ciclo vicioso da pobreza e dificulta investimentos em educação, saúde e habitação.
Desafios e soluções para a recuperação financeira
Diante desse cenário alarmante, medidas estruturais são indispensáveis. A redução das taxas de juros, por meio de uma política monetária expansionista, que poderá estimular o consumo das famílias e os investimentos das empresas.
A Educação Financeira é outro pilar fundamental. É necessário ampliar programas que incentivem o consumo consciente e o planejamento financeiro pessoal, evitando o endividamento excessivo e promovendo o uso responsável do crédito.
Além disso, a renegociação flexível de dívidas deve ser incentivada, com redução de juros, ampliação de prazos e descontos para quitação antecipada, tornando possível a reintegração financeira de milhões de brasileiros nos 26 estados e no Distrito Federal.
Considerações finais
Concluindo, o quadro de inadimplência atinge um nível recorde, são 78,8 milhões de brasileiros estão com o CPF negativado em agosto de 2025, refletindo uma combinação de problemas estruturais e conjunturais da economia brasileira. No entanto, há oportunidades de reversão desse cenário por meio de política monetária expansionista e do fortalecimento da Educação Financeira, fatores fundamentais para restaurar a capacidade de consumo das famílias.
Apesar de o desemprego ter atingido o menor nível desde 2012 (5,6%) no trimestre encerrado em agosto de 2025, ainda há 6,1 milhões de brasileiros desocupados, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), muitos deles inadimplentes no país.
Se os consumidores deixam de honrar suas dívidas, o nível de consumo de bens e serviços tende a cair. Com menor demanda, as empresas reduzem suas vendas, o que impacta diretamente a produção, o emprego formal e os investimentos. Sem esse dinamismo econômico, o país perde fôlego, a incerteza aumenta e o crescimento econômico desacelera. Diante desse cenário desafiador, é fundamental uma reflexão crítica sobre os principais fatores que comprometem a capacidade de pagamento das famílias.
Por fim, para mudar essa alarmante realidade, cada cidadão precisa de resiliência para adotar um plano pessoal de “Inadimplência Zero”, baseado em renegociação de dívidas, controle de gastos e planejamento financeiro consciente. É hora de economizar, cancelar o cartão de crédito, organizar as receitas e as despesas mensais para quitar dívidas atrasadas, são passos essenciais para restaurar a saúde financeira e fortalecer a confiança do consumidor na economia brasileira.
Paulo Galvão Júnior

