As origens do bairro de Mangabeira

A fundação oficial de Mangabeira ocorreu em 16 de junho de 1983, durante o programa nacional de habitação popular, com investimentos do Banco Nacional de Habitação (BNH) e a gestão da Companhia Estadual de Habitação Popular (CEHAP). Estiveram presentes o então ministro do Interior, Mário Andreazza, e o governador do estado da Paraíba, Wilson Braga.

De duas fazendas, Mangabeiras e Cuiá, surgiu o Conjunto Habitacional Tarcísio de Miranda Burity, hoje conhecido como Mangabeira, cuja expansão contínua foi impulsionada pela disponibilidade de terrenos públicos na Zona Sul de João Pessoa.

A diversidade de sua população inicial é notável, composta por grupos como: i) pessoas sem-teto; ii) moradores que viviam de aluguel; iii) migrantes do interior da Paraíba em busca de melhores condições de vida; iv) indivíduos que dependiam de familiares ou amigos para morar; e v) retornantes que haviam migrado, mas voltaram à capital paraibana com melhores salários.

As oito fases de construção e desenvolvimento de Mangabeira

Mangabeira passou por oito fases de construção e desenvolvimento, marcadas por transformações socioeconômicas significativas em Mangabeira I até Mangabeira VIII.

A Primeira fase: Consistiu na construção inicial de 3.238 casas populares, fornecendo moradia popular a milhares de famílias de baixa renda que não tinham acesso à casa própria.

Segunda fase: Deu início ao processo de verticalização, com a construção de edifícios e apartamentos populares, aumentando significativamente a densidade populacional e diversificando o perfil habitacional do bairro.

Terceira fase: A atuação de construtoras privadas passou a ganhar destaque, com o desenvolvimento de novos empreendimentos residenciais fora do escopo da CEHAP, expandindo ainda mais a oferta habitacional e atraindo novos moradores.

Quarta fase: Esta fase foi marcada pela chegada de grandes obras públicas, citadas não por ordem cronológica, como o Campus da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o Quartel da Polícia Militar, o Centro de Educação da Polícia Militar da Paraíba, a Academia de Polícia Militar do Cabo Branco (APMCB), a Penitenciária de Segurança Média Juiz Hitler Cantalice, a Penitenciária Maria Júlia Maranhão e a 9ª Delegacia Distrital de Mangabeira.

Essas obras fortaleceram a infraestrutura pública do bairro e trouxeram mais empregos para os moradores. Com destaque especial, na antiga feira livre de Mangabeira a instalação do primeiro posto de vendas do Balcão da Economia no segundo semestre do ano de 1985.

É preciso revelar que em Mangabeira surgiu em 1993, o Mercado Público de Mangabeira, na Avenida Josefa Taveira, número 1.439, e tornou-se o segundo maior mercado público da cidade de João Pessoa, atrás apenas do Mercado Central.

Quinta fase: A infraestrutura educacional se desenvolveu, com o crescimento da rede de ensino público e privado. Existem escolas públicas e particulares de Ensino Fundamental e de Ensino Médio. Além do Campus da UFPB, posteriormente, novas faculdades privadas como o Grupo UNICORP passaram a operar no bairro, diversificando a oferta educacional.

Sexta fase: A construção e inauguração do Mangabeira Shopping, em 29 de novembro de 2014, sob a liderança do empresário Roberto Santiago, um marco do desenvolvimento comercial do bairro, na Avenida Hilton Souto Maior Filho, que se consolidou como um dos principais centros comerciais de João Pessoa, trazendo mais conveniência e lazer.

Sétima fase: O comércio atacadista e varejista expandiu-se rapidamente com a construção e inauguração do Trevo das Mangabeiras, em agosto de 2015, facilitando a mobilidade urbana e a instalação de novos negócios no bairro, um polo comercial crescente na cidade.

Oitava fase: Desenvolvimento de condomínios privados voltados para as classes média e alta, resultado de parcerias entre construtoras e proprietários de terrenos. Essa fase representou a modernização do bairro, trazendo mais diversidade socioeconômica.

O crescimento do Setor Terciário em Mangabeira

O bairro de Mangabeira é vocacionalmente comercial atacadista e varejista. Nos últimos 41 anos, o setor terciário de Mangabeira cresceu de forma acelerada, acompanhando o aumento populacional e a expansão física do bairro.

A Avenida Josefa Taveira, com quase 6 km de extensão, tornou-se o principal eixo comercial de Mangabeira, atraindo uma variedade de serviços, como agências bancárias (Banco do Brasil, BRB, Bradesco, Itaú e Caixa Econômica Federal), agência dos Correios, casas lotéricas, papelarias, depósitos de bebidas, mercadinhos, supermercado Bem Mais, açougues, restaurantes, bares e lanchonetes, além de lojas de tecidos, de celulares e de motos.

Na Rua Comerciante Alfredo Ferreira da Rocha tem madeireiras, revendedoras de carros, restaurantes de comida chinesa, oficinas, depósito de bebidas, padarias, lojas de peças de automóveis, de materiais de construção e de produtos nordestinos.

Essa transformação elevou Mangabeira a um importante centro de serviços em João Pessoa, com uma infraestrutura capaz de atender à maioria das necessidades de seus habitantes. O bairro tem também hospitais, clínicas, farmácias, óticas, clínicas odontológicas, consultórios, laboratórios, e outros serviços essenciais tornaram um bairro autossuficiente, reduzindo a necessidade de deslocamento para o Centro da cidade.

O bairro conta também com postos de gasolina, casas de show e de recepção, cabeleiras, costureiras, relojoeiros, sapateiros, e estabelecimentos comerciais diversos. No entanto, ainda carece de alguns serviços públicos essenciais, como maternidade, museu, biblioteca e cemitério. Por ser um bairro predominante residencial e comercial e afastado das praias, a escassez de hotéis e pousadas com piscina em Mangabeira.

Com o seu forte crescimento populacional, o bairro tem problemas de mobilidade urbana, infraestrutura urbana, furtos e roubos de carros e motos, além de casos de violência contra as crianças, mulheres e idosas. É crescente o número de arrombamentos de lojas na madrugada.

No entanto, o bairro oferece uma vasta gama de bens de consumo duráveis, como roupas, sapatos, móveis, colchões, bicicletas e eletrodomésticos. No bairro os moradores contam também com o estádio de futebol Wilsão, a Casa da Cidadania, o Distrito Industrial de Mangabeira, o Restaurante Popular de Mangabeira, o Conselho Tutelar de Mangabeira, o Complexo Hospital de Mangabeira, o Trauminha, além do Centro Cultural Tenente Lucena e da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Mangabeira.

Os efeitos da expansão do bairro de Mangabeira

A expansão do bairro de Mangabeira teve um impacto direto nas economias pessoense e paraibana, especialmente em relação à criação de empregos formais, ao fortalecimento do comércio e novas oportunidades de investimentos. A maior oferta de mão de obra e a instalação de novos estabelecimentos comerciais dinamizaram a economia do bairro e aumentaram sua relevância no contexto pessoense.

Além do impacto econômico, Mangabeira é um exemplo notável de convivência pacífica entre diferentes religiões. O bairro abriga igrejas católicas, evangélicas, congregações de mórmons, Testemunhas de Jeová, centros espíritas e comunidades de cultos afro-brasileiros, o que evidencia um ambiente de diversidade religiosa e respeito mútuo.

O Mercado Público de Mangabeira é organizado, tem fontes e limpeza nos boxes e nas áreas de circulação. É possível beber um delicioso suco de mangaba (R$ 5,00) e comer um pão com queijo coalho assado (R$ 6,00), no Pop Lanches, localizado no Bloco B e Box 7.

Um dos locais públicos mais visitados pelos mangabeirenses, o Mercado Público de Mangabeira, é possível comprar alimentos, sobretudo, frutas a preços mais baixos. É preciso ressaltar que a Paraíba é a terceira maior produtora de mangaba do Brasil, conforme o IBGE.

Considerações finais

Mangabeira, o maior e mais populoso bairro de João Pessoa, não é apenas um exemplo de crescimento urbano acelerado, mas também um reflexo da resiliência de sua comunidade. Com mais de 80 mil habitantes, o bairro oferece uma infraestrutura ampla e diversificada, abrangendo serviços, lazer, comércio e educação. Dividido em oito fases de construção e desenvolvimento, sua expansão contínua transformou a Avenida Josefa Taveira em um dos principais eixos comerciais da cidade, evidenciando a vitalidade econômica do bairro.

Entretanto, o progresso traz consigo desafios de mobilidade urbana e segurança pública, que ainda precisam ser enfrentados. O bairro enfrenta uma série de problemas que preocupam os moradores, como alagamentos, falta de calçamento e de saneamento básico. Esses obstáculos, contudo, não devem ofuscar o potencial de Mangabeira para liderar novos avanços, especialmente em um contexto de crescente conscientização ambiental. Diante das mudanças climáticas e das demandas por um desenvolvimento sustentável, os moradores de Mangabeira têm a oportunidade de se posicionar na vanguarda de iniciativas ambientais.

Finalizando, o futuro de Mangabeira será moldado não apenas por políticas públicas, mas principalmente pelo engajamento de seus habitantes, com sua rica diversidade cultural e empreendedora.

Paulo Galvão e Paulo Galvão Júnior