Os impactos das mudanças climáticas na economia global são de grande magnitude. Além de resultarem em perdas humanas, essas mudanças do clima da Terra desencadeiam uma série de efeitos que abrangem desde custos de mitigação até prejuízos econômicos, passando por danos à produção agropecuária e alterações nos padrões de consumo familiar, e culminando em novos ajustes em políticas governamentais.

As demandas impostas pelas mudanças climáticas requerem investimentos substanciais em medidas de adaptação e mitigação. Isso abrange não apenas iniciativas de infraestrutura destinadas à proteção das zonas costeiras contra a elevação do nível do mar, mas também investimentos significativos em energia limpa, visando à redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE), e o desenvolvimento de tecnologias de baixa emissão de dióxido de carbono (CO2), um dos principais GEE.

Eventos climáticos extremos, como tempestades, ciclones, secas e incêndios florestais, acarretam elevados prejuízos econômicos. Esses fenômenos do clima podem ocasionar danos materiais, interromper cadeias de suprimento e impactar negativamente a produção de alimentos, resultando em perdas financeiras para famílias, empresas e governos.

As mudanças climáticas exercem influência direta sobre a produção agropecuária, manifestando-se através de alterações nos padrões de precipitação, aumento das temperaturas globais e ocorrência de eventos climáticos extremos. Essa conjuntura pode levar à escassez de alimentos, incremento nos preços dos produtos alimentícios e desabastecimento por causa de fortes chuvas ou secas prolongadas.

Concomitantemente ao aumento das preocupações com as mudanças climáticas, os consumidores estão adquirindo uma consciência maior sobre o impacto ambiental de seus padrões de consumo. Esse movimento está impulsionando a demanda por produtos e serviços verdes e exercendo influência significativa sobre as decisões de compra e venda das empresas.

Os governos globais estão adotando novas políticas para enfrentar os desafios das mudanças climáticas, incluindo estabelecimento de metas de redução de emissões de GEE, incentivos para a adoção de fontes de energia renovável (energia solar, energia eólica e energia da biomassa) e implementação de taxas sobre as emissões de CO2. Essas medidas possuem implicações profundas para empresas em diversos setores da economia.

O Acordo de Paris, firmado em dezembro de 2015, representa o maior compromisso global contra as mudanças climáticas, contando com a adesão de 195 países, incluindo o Brasil. O objetivo central deste pacto internacional é limitar o aumento da temperatura global a menos de dois graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais.

É preciso destacar que El Niño e La Niña são fenômenos climáticos naturais que ocorrem periodicamente devido a variações nas temperaturas do Oceano Pacífico. O El Niño é caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, enquanto La Niña é caracterizada pelo resfriamento anormal dessas mesmas águas.

Esses fenômenos podem ter impactos significativos no clima global, levando a condições climáticas extremas em diferentes partes do planeta. Por exemplo, durante El Niño, algumas regiões do mundo podem experimentar chuvas mais intensas, enquanto outras podem enfrentar secas mais severas. Por outro lado, durante La Niña, as áreas afetadas podem experimentar chuvas mais prolongadas em alguns lugares e secas mais longas em outros.

No Brasil, por exemplo, o fenômeno El Niño causa secas nas regiões Norte e Nordeste, ao passo que provoca chuvas excessivas nas regiões Sul e Sudeste. O país é o quinto maior do mundo em extensão territorial, o sétimo mais populoso do planeta e detém a nona maior economia global, já enfrentando os impactos das mudanças climáticas.

No estado do Rio Grande do Sul (RS), as fortes chuvas já afetaram 235 cidades gaúchas e resultaram em 37 mortes, infelizmente. Além disso, há 74 pessoas desaparecidas no RS. As enchentes impactaram a vida de mais de 315 mil pessoas, levando 7.949 a buscar abrigos. Infelizmente, há 23.598 pessoas desalojadas em todo o estado, conforme as últimas informações da Defesa Civil do RS.

Essas mudanças climáticas no RS terão sérias consequências na produção agropecuária gaúcha, impactando diretamente a segurança alimentar das populações, especialmente as mais vulneráveis. A escassez de alimentos, o aumento nos preços dos produtos alimentícios e a falta de abastecimento nos supermercados e feiras locais serão desafios enfrentados pela sociedade gaúcha nos próximos dias.

Em síntese, os diversos impactos das mudanças climáticas na economia mundial, aborda desde perdas humanas até danos materiais. Investimentos significativos são requeridos para enfrentar esses desafios, incluindo medidas de energia limpa e desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, como o trator movido a etanol. Eventos climáticos extremos causam danos econômicos, afetando cadeias de suprimentos e a produção agropecuária. As mudanças climáticas também influenciam diretamente a produção de alimentos e o comportamento do consumidor, impulsionando a demanda por produtos e serviços verdes.

Concluindo, as mudanças climáticas emergem como uma questão de extrema relevância para a economia mundial, demandando ações coordenadas tanto do setor público quanto do privado para mitigar os impactos adversos e adaptar-se às transformações ambientais, especialmente em meio à Quarta Revolução Industrial.

Paulo Galvão Júnior