Não se trata de uma sugestão para apenas “mudar por mudar”. A provocação para que se efetive amplo debate sobre a pertinência ou não de transferir-se a capital paraibana para o interior do estado (debate este que envolva todos os segmentos sociais de João Pessoa e da Paraíba, em especial os economistas, urbanistas, sociólogos etc, e, claro, os parlamentares de todas as esferas governamentais), tem por objetivo avaliar-se se tal transferência seria (ou será) instrumento eficaz para a interiorização do desenvolvimento do estado e também para a preservação das condições de qualidade de vida para a população pessoense.

Que mal haveria se a Câmara de Vereadores de João Pessoa e a Assembleia Legislativa promovessem e estimulassem esse debate?!… Há algum medo, de cunho político-eleitoral por parte dessas duas casas legislativas, de encararem um debate dessa natureza?!… Ora! Se o objetivo seria (aliás, é) o de refletir sobre se tal transferência da sede político-administrativa do estado corresponderia a uma medida eficaz para a interiorização do desenvolvimento e para a preservação das condições de qualidade de vida ainda hoje propiciadas aos pessoenses, parece não existir razão para qualquer temeridade!…

Já se disse que “uma medida assim é muito polêmica”. Por óbvio, é! Daí a necessidade de um debate bem amplo. Também é evidente que entre uma decisão positiva em relação a tal transferência e sua efetivação (a construção/adaptação da nova cidade/capital), haveria um longo tempo. A propósito, não se pense – e ninguém pensa – que a ideia de Brasília, como nova capital do Brasil, tenha nascido no próprio “Governo Jk”! Brasília, como Distrito Federal, inaugurada em 1960, como tal já fora pensada (sem esse nome, claro) desde 1823 pelo Patriarca da Independência, José Bonifácio.

E foi o paraibano Epitácio Pessoa, como Presidente da República, quem assinou Decreto (nº 4.494, de 18.01.1922) determinando o assentamento da respectiva pedra fundamental, o que ocorreu em 07-04-1922, tendo em vista que nossa 1ª Constituição republicana, de 1891, inscrevera a mudança da capital federal do Rio de Janeiro para o “interior do País”.

Igualmente merece registro que coube a um outro paraibano (de Cabaceiras), Marechal José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque (sobrinho de Epitácio Pessoa), presidir a Comissão de Localização da Nova Capital, designado que foi em outubro de 1954 pelo então presidente Café Filho.

Daí, entendermos que todos estejamos conscientes de que a transferência de uma capital de estado para outra cidade não ocorre “do dia pra noite”. Requer bastante tempo para debates, reflexões e decisão, para, só depois, sua efetivação. Nesses debates por óbvio estarão os que sejam a favor e os que sejam contra… Os do contra, em princípio, serão muitos, o que nos faz lembrar uma pergunta certa vez feita por um radialista, sobre este tema: – “Você acha que os desembargadores vão concordar em deixar os restaurantes de João Pessoa para virem atuar em Taperoá?!…”.

Como pretendemos demonstrar o lado positivo da transferência da capital para o centro geográfico da Paraíba como ferramenta-mor para a interiorização do desenvolvimento do estado e preservação das condições de qualidade de vida ainda hoje propiciadas à cidade de João Pessoa, por óbvio voltaremos a este assunto.

Mário Tourinho