A desigualdade salarial entre homens e mulheres continua a ser uma questão central no Brasil. Contudo, o Nordeste está à frente na busca por maior equidade. As informações do 2º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, dos Ministérios do Trabalho e Emprego e das Mulheres dão conta de que seis dos dez estados brasileiros com menores índices são da região.
Esse dado reforça o papel de liderança do Nordeste na promoção da igualdade de gênero no mercado de trabalho. Na região, o Ceará lidera, com uma diferença de 9,7%, a segunda menor diferença do Brasil. Na sequência vem Pernambuco, com 9,9%. Alagoas aparece com 10,7%. O Piauí apresenta um índice de 12,6%, enquanto a Paraíba registra 15,4% e o Maranhão, 15,7%.
Estados como Espírito Santo e Paraná apresentam as maiores disparidades, com mulheres ganhando cerca de 29% menos que os homens. Em Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro, as diferenças salariais também são marcantes, com mulheres ganhando entre 27% e 28% a menos que os homens.
Média salarial dos brasileiros – Segundo o levantamento, a média salarial nacional é de R$ 4.125,77, com um salário contratual médio de R$ 2.025,27. A pesquisa considerou mais de 18 milhões de vínculos formais em 2023, com uma massa salarial total de R$ 782,99 bilhões. No entanto, as diferenças salariais continuam a ser expressivas quando analisadas por gênero e raça.
Mulheres negras são as mais afetadas pela disparidade salarial. Elas recebem, em média, R$ 2.745,26 — apenas 50,2% do salário de homens não negros, que chega a R$ 5.464,29. A discrepância entre mulheres negras e homens não negros é de R$ 1.149,36. De acordo com Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), as mulheres negras estão concentradas em empregos com baixos salários, como serviços domésticos e de limpeza, o que contribui para essa grande desigualdade.
Distrito Federal: salário acima da média nacional – No Distrito Federal, a média salarial é superior à média nacional, chegando a R$ 5.735,13. Ainda assim, a diferença salarial entre mulheres negras (R$ 4.205,60) e homens não negros (R$ 7.546,13) permanece significativa, com uma desigualdade de 11,1%. Apesar dos avanços, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer para alcançar a equidade salarial de gênero e raça. O Nordeste, com seus avanços, mostra que políticas públicas e iniciativas voltadas para a inclusão podem fazer a diferença na redução dessas desigualdades estruturais.
Agência NE9